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Foto do escritorNathalia Morgana

Yoga com Café entrevista: Sirlene Spitaletti, yoga e o câncer de mama

Atualizado: 20 de out. de 2020

A campanha de conscientização contra o câncer de mama, conhecida como Outubro Rosa, é realizada por diversos entidades, no mês de outubro, e dirigida à sociedade, em especial às mulheres. Entre os temas do movimento, está a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença.


Convidei minha querida amiga e colega de profissão Sirlene Spitaletti para participar dessa entrevista e contar um pouco mais sobre como ela superou e venceu o câncer de mama. Sirlene trabalhou por mais de 20 anos na área de TI em grandes empresas como a HP e Banco Safra. Sempre foi ativa e fã de esportes. Sirlene é mãe de gêmeos e avó da Claire. Conheci Sirlene no curso de formação de instrutores de Yoga na Humaniversidade e logo nos aproximamos devido a uma paixão em comum: o Café. Todas as tardes antes do curso nos encontrávamos para conversar e tomar uma xícara de café. Criamos uma conexão e uma amizade que vem crescendo e se fortalecendo com o tempo. Também tive o prazer da companhia dela na minha viagem à Índia em 2019/2020. Algumas pessoas que cruzam meu caminho acabam virando um presente. É o caso da Sirlene.



Yoga com Café: Como era sua rotina antes do câncer?

Sirlene: Trabalhava na empresa HP prestando serviços de TI para Visanet (hoje Cielo). Treinava quase todos os dias. Mãe de gêmeos Renan e Felipe na época com 17 anos. Eu e meus filhos participamos de competição de MTB e Corridas de Venturas. E sempre procurava ter uma alimentação saudável.


YC: Você fazia mamografia periodicamente?

Sirlene: Fazia meus exames periódicos todos os anos, a mamografia sempre fazia parte dos check-ups de saúde.


YC: Como você descobriu que estava com câncer de mama?

Sirlene: No final de 2007 senti um inchaço na mama direita. Pensei que era pré-menstrual. Fui à ginecologista que solicitou um ultrassom das mamas. 2007 terminou o seio voltou ao normal e eu deixei o exame para depois. 2008 chegou e eu lembrei que não havia feito o exame. Fui fazer sem muita preocupação pois já não sentia nada. Realizei o exame em março e em abril retornei à ginecologista que solicitou que eu procurasse um mastologista que por sua vez solicitou um exame de pulsão. No final de maio saiu o resultado. Câncer na mama esquerda. Estava sozinha no médico. Sai andando pela rua sem saber o que fazer. Lembrei dos meus filhos, meus pais... não queria falar sobre isso para eles. Liguei para para meu marido e contei e pedi para ele não comentar com ninguém. Fiquei afastada da família uns 15 dias. Pedi para meu marido falar com minha irmã e contar para meus meninos, meus pais, enfim para a família toda e pedi para ninguém falar sobre o assunto comigo. Demorou para eu aceitar. Foi difícil.


YC: Quanto tempo durou seu tratamento desde a descoberta até o final?

Sirlene: Procurei um médico especialista e conheci meu anjo da guarda: Dra. Margareth. Comecei meu meus exames pré-operatórios em maio de 2008 e fiz a cirurgia dia 28 de agosto de 2008. Iniciei minhas sessões de radioterapia em outubro. Foram 40 dias seguidos indo para o hospital. Foi uma lição de determinação e humildade. Vi muitas pessoas melhores melhores e muitas pessoas piores que eu. Sentia a dor da despedida das amigas de radioterapia quando elas não apareciam mais. Não precisei fazer quimioterapia, porém tomei um remédio diariamente por 8 anos que prejudicou muito meu corpo e minha saúde.


YC: Como era sua rotina nesse período?

Sirlene: Minha rotina durante a radioterapia era ir trabalhar de manhã, a tarde ia para o hospital, à noitinha ia para a academia... E voltava pra casa.


YC: Além de trazer um impacto físico, o câncer também traz ao paciente um impacto emocional?

Sirlene: Existe sim um impacto físico de mutilação e de dúvida de como vai ficar seu corpo. E o impacto emocional de medo constante. As perguntas clássicas: por que comigo? O q eu fiz? E agora, como meus filhos vão ficar se eu morrer?


YC: Você sentiu medo da morte?

Sirlene: O câncer é uma sombra para o resto da minha vida. O medo existe até hoje. Morrer é SIM meu maior medo.


YC: O que você acha que fez diferença em seu tratamento?

Sirlene: Com certeza a qualidade de vida antes da descoberta do câncer fez diferença para minha recuperação e reação ao tratamento.


YC: Como o Yoga e a bike entraram na sua vida?

Sirlene: A bike já fazia parte da minha vida. E com certeza me fez forte para enfrentar o que viesse pela frente. Bike é superação, é determinação. É foco e força para encarar as montanhas, estradas, distância. Tudo que eu precisava para enfrentar o que viesse. A yoga apareceu quando eu cheguei a conclusão que teria que descobrir alguma coisa que eu pudesse fazer independente da minha condição física e idade. Pensei: e quando eu não puder mais pedalar? Aí eu descobri a yoga... com 54 anos fiz minha primeira aula de yoga.


YC: Você acha que o Yoga pode ajudar pacientes oncológicos?

Sirlene: Com certeza absoluta a yoga pode ajudar, porém temos que querer.


YC: Como você está hoje?

Sirlene: Hoje ainda vivo com essa sombra do medo de ter novamente um câncer. Porém com uma cabeça mais aberta procurando sempre viver uma vida saudável. Sempre buscando desafios que me fazem sentir viva.


YC: Para encerrar, gostaria que você deixasse um recado para alguém que está passando pelo mesmo que você enfrentou.

Sirlene: Eu diria: Eu também tive/tenho medo, mas você vai conseguir. Faça tudo que estiver ao seu alcance. Cuide de você a cada segundo da sua vida. Se precisar estou aqui.




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