Yoga Gratuito em Parques: Generosidade ou Exploração?
- Nathalia Morgana
- 30 de abr.
- 2 min de leitura
Nos últimos anos, as aulas gratuitas de Yoga em parque brasileiros têm crescido consideravelmente. Embora à primeira vista essas iniciativas pareçam positivas e altruístas, é essencial questionar as reais intenções por trás dessas práticas e entender seus efeitos no mercado de Yoga.

Yoga Gratuito: Formação ou Exploração?
Muitas escolas de Yoga estão promovendo essas aulas gratuitas usando como justificativa "estágios" ou o conceito de "Maha Karma" (grande ação altruísta). A intenção declarada parece nobre: permitir que novos professores adquiram experiência prática enquanto realizam uma ação de serviço para a comunidade.
No entanto, o que ocorre na prática é uma exploração velada dos novos professores formados. Essas escolas se beneficiam diretamente desse "trabalho voluntário", promovendo-se sem custos, atraindo novos alunos e reforçando sua marca, tudo às custas do esforço e tempo dos professores recém-formados.
Impactos negativos no mercado profissional de Yoga
Além disso, essas práticas têm um impacto negativo direto no mercado profissional de Yoga. Ao oferecer aulas gratuitas regularmente, cria-se uma cultura que desvaloriza o Yoga como profissão séria e remunerada. A percepção popular passa a ser de que não é necessário pagar por uma prática profunda e estruturada, já que há sempre opções gratuitas disponíveis. Isso prejudica diretamente os profissionais que investiram tempo e dinheiro em formações e especializações.
Vale destacar que, em países desenvolvidos como os Estados Unidos e países da Europa, é extremamente raro encontrar Yoga gratuito com essa frequência e formato em locais públicos. Nesses países, existe um reconhecimento maior sobre o valor do Yoga como profissão séria. Professores são devidamente remunerados, valorizados e respeitados por seu conhecimento e experiência.
Aulas gratuitas em bairros nobres: Altruísmo ou Ego?
Outro ponto importante a se observar é que essas práticas de "Maha Karma" geralmente ocorrem em parques localizados em bairros nobres, frequentados por pessoas com alta capacidade financeira, como acontece no bairro mais caro de São Paulo. Se a intenção realmente fosse genuína, focada no serviço voluntário e na ação social, essas aulas deveriam ocorrer em áreas mais carentes e comunidades desfavorecidas. O fato de escolherem locais nobres para oferecerem aulas gratuitas levanta a questão de que talvez o objetivo esteja mais ligado ao ego, à exposição e ao marketing do que ao verdadeiro espírito altruísta do Yoga.

É importante deixar claro que ações pontuais e genuínas de Yoga gratuito são maravilhosas e devem ser celebradas. Eventos beneficentes, festivais comunitários ou ações solidárias são bem-vindas e alinhadas com a verdadeira essência do Yoga. Porém, quando isso se torna rotina e é feito por escolas como estratégia de marketing disfarçada de altruísmo, a situação muda drasticamente.
Que possamos refletir sobre a verdadeira intenção por trás dessas práticas e lembrar que valorizar o professor de Yoga é valorizar o próprio Yoga.
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