Os Kleshas vêm da filosofia Samkhya, uma antiga escola de pensamento indiana. Segundo Samkhya, o universo é feito de dois elementos principais: Purusha, que é a consciência, e Prakriti, que é a matéria. Esses dois elementos são distintos, tornando Samkhya uma filosofia dualista. Nós, humanos, somos uma mistura dos dois: nosso corpo físico é Prakriti, sempre mudando com o tempo, e nossa consciência é Purusha, imutável por natureza.
Os Kleshas surgem da interação entre Purusha e Prakriti. Somos almas eternas vivendo em um corpo e em um mundo cheios de mudanças. A nossa mente, através da qual percebemos tudo, também está sempre mudando e acaba colocando um filtro sobre a nossa realidade. Então, a gente não vê as coisas como elas realmente são, mas sim como se estivesse usando óculos embaçados.
Kleshas são as tendências da mente que nos causam sofrimento. Quando você se torna consciente dessas tendências, pode começar a se afastar delas e desfrutar de uma mente mais tranquila e em paz.
Hoje, vamos desvendar seus segredos e aprender como nos libertar das suas garras para alcançar mais paz e felicidade.
Imagine que a mente é como um rio turbulento, cheio de redemoinhos e correntezas que nos arrastam para longe da tranquilidade. Os Kleshas são como os obstáculos que encontramos nesse rio: pedras, troncos e até mesmo cachoeiras que nos impedem de seguir em frente. Os antigos Yogis e filósofos identificaram cinco Kleshas que causam sofrimento. Vamos falar um pouco sobre cada um deles:
1. Avidya: a ignorância
Avidya é como um véu que nos cega para a verdade. Ela nos faz acreditar que as coisas são permanentes quando, na verdade, tudo está em constante mudança. Por exemplo, já passou por um período triste em que achou que a dor e o sofrimento durariam para sempre? E, de repente, percebeu que não era bem assim? Isso é Avidya. O mesmo acontece quando algo bom acontece e você acha que a felicidade vai durar para sempre, mas a situação muda e você sofre por isso. Avidya nos faz sofrer porque nos apega a coisas ilusórias.
2. Asmita: o ego
Asmita é a falsa percepção do eu, uma falsa percepção de que somos separados do todo, um "eu" fixo e imutável. É o que nos faz nos identificar com rótulos e nos apegar a conquistas, como se fossem a nossa essência. Pense em um atleta que, ao parar de competir, fica deprimido porque sua identidade estava completamente ligada ao esporte. Ou alguém que nunca se permite crescer e vive de forma restrita. Para superar Asmita, precisamos liberar esses apegos e explorar nosso verdadeiro potencial.
3. Raga: o apego
Raga é o ímã que nos atrai para as coisas que nos dão prazer. É o desejo constante de buscar a felicidade em algo externo, seja um novo emprego, um relacionamento perfeito ou o corpo dos sonhos. Mas, como tudo na vida muda, Raga nos leva à frustração e ao sofrimento quando as coisas não saem como queremos.
4. Dvesha: a aversão
Dvesha é o lado oposto de Raga: a repulsa por tudo que nos causa desagrado. É o que nos faz evitar situações desconfortáveis, pessoas chatas e qualquer coisa que ameace nossa paz. Mas, fugir dos problemas só os torna maiores. Dvesha nos impede de crescer e aprender com as experiências da vida.
No mundo moderno, estamos sempre buscando a próxima coisa que achamos que nos fará felizes, e fugindo de qualquer desconforto. Essa dança entre Raga e Dvesha nos faz perder energia e paz. Claro, não há problema em ter desejos e preferências, mas é importante não se apegar demais a eles, porque tudo está sempre mudando.
Abhinivesha é o apego à vida física, o medo de morrer e deixar tudo para trás. É o que nos faz negar a finitude da vida e nos agarrar a coisas materiais como se fossem a nossa salvação. Abhinivesha nos impede de viver o presente com plenitude e nos causa muita ansiedade e sofrimento. As escrituras Yogis dizem que o corpo é temporário, mas a alma é eterna, vivendo muitas vidas. Isso pode ser difícil de aceitar para quem vive em culturas ocidentais, que geralmente evitam falar sobre morte. Em culturas orientais, vida e morte estão lado a lado. Para superar esse medo, somos encorajados a viver no momento presente, sem arrependimentos.
E agora, o que fazer?
A boa notícia é que podemos nos libertar dos Kleshas e alcançar a verdadeira felicidade. O primeiro passo é reconhecer suas manifestações em nossas vidas. Preste atenção aos seus pensamentos, emoções e comportamentos. Quando você se sentir triste, ansioso ou com raiva, pergunte-se: qual Klesha está causando isso?
Depois de identificar o Klesha, podemos começar a trabalhar para dissolvê-lo. Isso pode ser feito através de diversas práticas, como yoga, meditação, estudo da filosofia Yogi e terapia. O importante é ter persistência e disciplina, pois a jornada para a liberdade dos Kleshas é um processo gradual.
Para aprofundar ainda mais sua compreensão dos Kleshas, reserve um tempo para refletir sobre as seguintes perguntas:
Em quais situações os Kleshas me fizeram sofrer?
Como eles me limitam, me impedem de crescer e experimentar a paz interior?
O que posso fazer hoje para me libertar de um dos Kleshas?
Lembre-se: a jornada para a felicidade é individual e única. Siga seu próprio ritmo, explore diferentes ferramentas e encontre o que funciona melhor para você. Com dedicação e autoconhecimento, você poderá superar os obstáculos da mente e alcançar a verdadeira paz interior.
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