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Foto do escritorNathalia Morgana

Ishvara Pranidhana - Devoção

Ishvara Pranidhana, é o último dos Niyamas dos Yoga Sutras de Patanjali. Podemos pensar em Ishvara Pranidhana como o bhakti Yoga (yoga da devoção). Ishvara se refere à consciência que tudo permeia, Deus; pranidhana significa "render-se". Juntas, essas palavras podem ser traduzidas como “entrega, devoção ou render-se a Deus”. Este niyama não é um processo de derrota ou de submissão inconsciente. É o ato de nos entregarmos a um propósito superior.



Este niyama aconselha a render-nos a este Ser Supremo ou Eu Superior, o que em essência significa cultivar um relacionamento profundo e de confiança com o universo e fazer de cada ação uma devoção a algo maior do que nós. É o ato de nos entregarmos a um propósito superior.


Embora existam muitas religiões e definições de Deus, o princípio Divino é universal. Até mesmo ateus geralmente acreditam em uma força maior. Não importa se você chama essa força de universo, energia, vida em si, unidade, amor, luz, natureza, o vazio, o tudo, espírito, Brahman, Ishvara, Jesus ou Deus. Devoção e entrega são dois aspectos-chave da fé.


A tradução dos Yoga Sutras de Swami Satchidananda menciona muito a prática de Ishvara Pranidhana provavelmente porque muitos dos sistemas tradicionais de Yoga mais antigos baseavam sua prática na devoção e em rituais que honravam a natureza, o universo ou Deus.


Em particular, Satchidananda faz questão de afirmar que 'Ishvara Pranidhana' significa oferecer nossas ações ao divino e à humanidade porque na verdade somos todos um. Nos Upanishads, a palavra Ishvara significa 'um estado de consciência coletiva', neste sentido significa que não existe uma figura divina a quem devemos adorar ou devotar nossas ações, em vez disso, 'Deus' representa esta consciência coletiva e, portanto, representa todos nós também.


A prática de Ishvara Pranidhana


Este pode ser o caminho mais difícil ou mais fácil para a paz e auto realização. Depende de como você encara isso. Fácil, pois não exige nenhum esforço ou dor de nossa parte, basta simplesmente deixar que as coisas aconteçam e dedicar tudo a um poder superior além de devotar todas as nossas ações ao que consideramos ser esse poder superior.


Mas pode ser o mais difícil, pois tendemos a controlar todas as nossas ações e seus resultados, e deixar que as coisas simplesmente aconteçam sem apego nem sempre é fácil. Se você é o tipo de pessoa que precisa daquele senso de controle na vida, então Ishvara Pranidhana é provavelmente o mais difícil dos Yamas e Niyamas. Como mencionamos, não é um Deus sentado em um pedestal ao qual estamos nos rendendo; é a realidade final.


Ishvara Pranidhana em sua prática de asana


À primeira vista, render-se aos asanas pode soar uma atitude fraca, afinal toda essa prática no tapete não deveria nos tornar fortes e flexíveis? Mas a rendição na prática de asana é talvez a coisa mais forte que podemos fazer. Render-se é não desistir mas ao mesmo tempo não ultrapassar o limite do nosso corpo. Se continuarmos a ultrapassar nosso limite - em vez de nos rendermos a ele - nossa prática de Yoga não está mais servindo nossos corpos e não é sustentável. Saber quando precisamos descansar mostra uma enorme respeito e compreensão de nós mesmos.


A prática do asana trata de encontrar conforto no desconforto, conhecendo nossos limites e aprendendo maneiras de lidar com situações difíceis. Sim, o Yoga nos faz sentir bem; ela nos cura quando estamos feridos e nos ajuda a encontrar luz quando tudo o que vemos está escuro, mas também mostra nossa essência quando as coisas ficam difíceis.


Segurar uma postura por 10 ou mais respirações pode ser exigente mas é no momento que nos rendemos ao desconforto que a força e o poder que sentimos na postura nos permite crescer e nos transformar. Isso nos mostra o quão fortes podemos ser naquele exato momento, e mesmo quando a mente diz que não podemos, o corpo nos mostra que podemos.


A ideia de entrega também pode ser aplicada à intenção que estabelecemos no início da prática; Ishvara Pranidhana pode ser oferecer os resultados de sua prática ao divino, ou talvez à humanidade. Dessa forma, nossa prática de asana se torna menos sobre o que pode fazer por nós, mas como podemos nos ajudar a permanecer saudáveis ​​o suficiente para ajudar o mundo ao nosso redor.


Ishvara Pranidhana na prática de Meditação

Ao praticar meditação, observe os pensamentos e desejos que distraem sua concentração e, em vez disso, descanse sua atenção no centro de seu ser. Nessas ocasiões, você pode transcender as limitações de seus apegos e sentir a presença de quietude interior.


Em qualquer forma que Ishvara Pranidhana se apresente, os sábios nos dizem que essa experiência nos guia em direção à totalidade e à realização de nossa busca interior.


Ishvara Pranidhana em seu trabalho e Dharma ou propósito de vida


Entregar nosso ego e nossos desejos egoístas está intimamente ligado ao conceito de render-se e desapegar-se dos frutos de nossas ações que é um ponto focal do Bhagavad Gita. Se colocamos muito esforço em algo que é importante para nós, frequentemente nos preocupamos com o que pode acontecer como resultado: Eles vão gostar de mim? E se eu não for bom o suficiente? Será que vai dar certo?


Toda essa preocupação com coisas sobre as quais não temos controle é a principal causa de nosso Dukkha' ou sofrimento, o que significa que nunca estamos totalmente envolvidos na ação que estamos fazendo porque nossas mentes já estão pensando sobre o que pode acontecer depois. A prática da rendição aqui exige que reconheçamos que podemos fazer o nosso melhor em cada situação, mas não podemos fazer mais do que isso; perceber isso é essencial e permite nos envolver totalmente e estar presentes no que estamos fazendo, trazendo toda a nossa energia para aquele momento e experimentando-o totalmente apenas pelo que é - o que acontece depois não importa agora.


A preocupação não esvazia sua dor do amanhã, ela esvazia sua força do hoje. - Corrie Ten Boom

Ishvara Pranidhaha em sua vida cotidiana


Em nossa vida fora do tapetinho, Ishvara Pranishana pode ser visto menos como uma dedicação devocional ou uma entrega, e mais como uma abertura para o que é, e em vez de lutar contra as voltas e reviravoltas da vida, permanecendo aberto para experimentar a vida conforme ela se desenrola.


Permanecer fixo e rígido em nossos padrões condicionados, hábitos e limitações só leva a uma vida limitada. Render-se é extremamente desafiador, porque significa transcender o ego, e o ego fará tudo o que puder para manter algum controle. Sem o condicionamento, as preocupações, as percepções e os julgamentos que falsamente mantemos tão perto de nós, o ego não existiria e, portanto, tenta desesperadamente agarrar-se quando trabalhamos para acalmá-lo.


Render-se ao que é exige confiança em nosso Eu mais profundo, nossa intuição e a coragem de nos expressarmos por quem somos, como somos, com todas as nossas imperfeições perfeitas, o que em última instância nos leva à liberdade.


Seja se rendendo a um momento de dificuldade ou de alegria, rendendo-se aos resultados de nossas ações, ou simplesmente aprendendo a confiar um pouco mais no universo, cada vez que decidimos nos render, nos aproximamos da liberdade.

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